Neste artigo pretendo reforçar considerações referentes à mentalidade que necessitamos de adoptar por forma a sermos bem sucedidos na nossa jornada de investimento.
O primeiro trimestre de 2022 terminou ontem e, pela primeira vez em dois anos, foi um trimestre de perdas na bolsa. O índice MSCI World perdeu 2.4% desde o final de 2021 e o S&P500 perdeu mais de 5%. Os investidores devem encarar estas quedas como algo natural ou até como uma oportunidade de reforçar alguns investimentos que tivessem em mente no início do ano.
Em baixo listo 5 pontos a interiorizar e tento explicar porque este trimestre que passou foi normal e como beneficiar destes momentos.
1 – Perceber que a volatilidade faz parte do mercado
O caminho para o enriquecimento está cheio de curvas e contra-curvas. É necessário aceitar que os elevados retornos proporcionados pelo mercado accionista têm um preço: conseguir tolerar as inevitáveis subidas e descidas do mercado como um todo e de cada ação em particular.
O mercado accionista sofre mais quebras do que muitos imaginam. Em média, o S&P500 desce 5% três vezes por ano, 10% anualmente e 20% uma vez a cada 6 anos. Mais ou menos uma vez em cada década, os investidores têm de aguentar uma queda de 30%.
Quem investe em ações individuais tem de ter ainda maior capacidade de encaixe, pois a volatilidade sentida é mais forte. É comum ver empresas perder 50%, 70% ou até 80% de valorização bolsista. A própria Amazon chegou a perder 94% no ano 2001. As melhores empresas recuperam das quebras e prosseguem a sua jornada de crescimento:
Se não estiver preparado para esta volatilidade, ficará tentado a vender ações a primeira vez que sentir uma destas grandes quebras. Esse é provavelmente o erro mais caro que muitos investidores cometem. É necessário entender que, no longo-prazo, as subidas e descidas todas somadas resultam em ganhos sólidos para os investidores.
2 – Diversificar
Um portfolio equilibrado não é constituido apenas por ações. Num artigo anterior, já havia listado 8 classes de ativos onde investir o nosso dinheiro, sendo que os mesmas terão sido úteis para ajudar os investidores a navegar o turbulento início de 2022:
- Depósitos a Prazo mantém o seu valor nominal e ganham um (muito) pequeno juro
- O Ouro, que classifiquei no ano passado como sendo “resiliente em períodos de maior inflação e de instabilidade geopolitica” terminou 2021 a valer 51.72€/grama e valorizou até ao momento 8.6% para 56.16€/grama
- Outras commodities, com destaque para o petróleo e gás natural, tiveram forte valorização neste ínicio de ano
- Obrigações de governos mundiais, prejudicadas pelo aumento das taxas de juro, sofreram de desvalorização semelhante aos principais índices de ações: -5%
As crises das últimas décadas já nos tinham mostrado que diversificar um portfolio de ações reduz a dimensão e a duração das perdas em períodos de bear market. O gráfico abaixo mostra o impacto de utilizar obrigações como elemento de diversificação nestes períodos:
3 – Focar no longo prazo
Hoje em dia somos frequentemente inundados com vídeos de YouTubers que nos contam como conseguiram ganhar 50%, 100% ou até 200% com uma ação desconhecida ou a mais recente criptomoeda. Isto pode levar a que percamos um pouco a noção da importância de investir a longo prazo.
O sucesso de um investidor não pode ser julgado com base numa só aposta e o sucesso de uma empresa não pode ser julgado com base na variação do preço da sua ação ao longo de um dia, semana, mês ou até um ano. As melhores empresas do mundo demoraram tempo até encontrarem o modelo de negócio que as fez chegar onde estão (A Apple esteve a poucos dias da falência, a Netflix começou por enviar DVDs por correio e a Amazon, nascida em 1994, não comercializou a Amazon Web Services até 2006).
Se tivermos sorte, podemos ver um dos nossos ativos valorizar 10%, 20% ou até mesmo 50% num curto espaço de tempo. Mas isso quase não importa por comparação com o potencial de valorizações a longo prazo. Quem comprou um ETF do S&P500 em 2011 e o manteve em carteira durante 10 anos lucrou 363%. Quem teve paciência com as ações da Netflix e da Amazon desde essa altura lucrou 33.831% e 30.870% respectivamente.
Manter títulos em carteira por 5, 10 ou até mesmo 20 anos é o que permite obter este tipo de retornos incríveis. Sem paciência, será dificil ir além dos 20%, 50% ou 100%.
4 – Reforçar bons investimentos
A obsessão em encontrar a nova ação ou criptomoeda cujo preço possa vir a disparar em breve faz-nos por vezes esquecer que o melhor investimento pode ser aquele que já temos em carteira. Investidores que investiram em empresas como Apple, Microsoft ou Google em anos recentes têm sido recompensados com elevados retornos, isto apesar destas mesmas empresas já virem de longos períodos de forte valorização.
Não há porque negligenciar empresas ou ETFs nos quais já apostámos no passado: só porque outra empresa viu a sua cotação bolsista desvalorizar recentemente, isso não garante que a mesma vá recuperar ou ter melhor desempenho do que empresas de maior sucesso recente.
5 – Nunca desinvestir
Os melhores investidores não se limitam a fazer o seu investimento e deixá-lo capitalizar. Poupam dinheiro regularmente e continuam a investi-lo.
Acumular dinheiro traz-nos opcionalidade. Quando nos aparece uma boa oportunidade de investimento, podemos utilizar o dinheiro no imediato para o mesmo. Ademais, ter uma almofada financeira ajuda-nos a enfrentar psicologicamente um mercado bolsista em quebra, permintindo-nos permanacer no rumo de investimento traçado originalmente, mesmo quando tudo parece sugerir que devemos deixar o mercado:
Desde o final da crise financeira de 2009 que temos sido inundados com notícias negativas e potenciais razões para desinvestir. Essas notícias não mais foram do que uma nova oportunidade de continuar a investir. No longo-prazo, os lucros das empresas subiram sempre e com elas também a bolsa subiu.
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