Análise: Paga e Cala (Majora)

Neste artigo analiso o jogo de tabuleiro Paga e Cala da Majora, que chegou a minha casa este Natal. Trata-se de um jogo na mesma linha do famoso Monopólio, que apresenta às crianças os conceitos de contas para pagar, poupanças e negócios.

O jogo

O Paga e Cala é um jogo que visa simular o mundo das finanças pessoais. O jogo consiste em rodadas de 31 dias, ficando pré-definido pelos jogadores quantas rodadas serão jogadas (a Majora recomenda três, seis ou doze). O objetivo do jogo é maximizar o património líquido (Dinheiro em numerário + Poupanças – Empréstimos), ganhando o jogador que tiver maior riqueza no final de todas as rodadas.

O tabuleiro do jogo é constituido por 31 casas, correspondentes a 1 dia do mês cada uma, mais a casa partida. No início da simulação, cada jogador recebe dinheiro para começar a jogar, podendo optar por aplicar parte do mesmo em Certificados de Poupança, remunerados a 10%, ou pedir mais dinheiro emprestado (pagando também 10% de juros pelo dinheiro que pediu emprestado). Efetuadas as poupanças e empréstimos desejados, cada jogador lança o dado uma vez, avançando para a casa correspondente ao número de pontos do dado. Nestas casas, os jogadores irão deparar-se com:

  • Oportunidades de negócio, tendo o direito a comprar um ativo (mobília, relíquias, etc) a um preço reduzido (acrescido de uma pequena comissão para o banco), podendo mais tarde vendê-lo com lucro ao seu preço justo
  • Contas para pagar, incluindo despesas inesperadas como o arranjo do carro ou a compra de um novo eletrodoméstico, ou despesas correntes como a conta da água ou um almoço fora com a família
  • Pagamento de impostos, como a taxa municipal
  • Recebimento de uma herança
  • Jogos de sorte, como a lotaria ou a raspadinha
  • Dias em que não acontece nada (domingos)

No final de cada mês, que acontece quando o jogador chegar ao dia 31, ocorrem uma série de eventos que alinham com a periodicidade mensal típica do mundo real:

  • O jogador recebe uma quantia de dinheiro fixa do banco (simulando o salário)
  • São recebidos os juros da poupança
  • O jogador tem a hipótese de resgatar ou reforçar o montante da sua poupança
  • É pago o juro do empréstimo
  • O jogador tem a hipótese de terminar ou reforçar o montante do seu empréstimo
  • São regularizadas todas as faturas
  • Vão para o lixo bilhetes de lotaria e ofertas publicitárias cujo prazo expirou

A Majora diz que o Paga e Cala é indicado para jogadores a partir dos 12 anos de idade mas, da minha experiência, jogadores a partir dos 7 ou 8 anos já podem disfrutar do jogo, especialmente se já recebem semanada e estão familiarizados com os custos das compras de supermercado e restaurantes.

A minha opinião

O Paga e Cala faz um excelente trabalho de introdução aos conceitos de poupança, negócios e despesas para os mais pequenos, obrigando os mesmos a orçamentar a sua vida, uma vez que o dinheiro é finito. Um dos pontos mais interessantes do jogo é o facto de serem os negócios, e não as poupanças, que geram os grandes lucros que permitem ganhar o jogo. Poupar é positivo e importante, mas os juros só por si são insuficientes para fazer crescer significativamente o património, alinhando bem com o mundo real das finanças pessoais.

Um ponto que pode ser melhorado na próxima edição do jogo é a introdução do conceito de seguros. Os jogadores deveriam ter a oportunidade de pagar, ou não, por seguros automóvel e de saúde, ficando as despesas com arranjos do carro e cuidados de saúde mais baratas para quem contraiu um seguro do que para aqueles que não o fizeram.

No geral, o Paga e Cala é uma forma divertida de fazer os mais pequenos ganharem consciência daquilo que é o dinheiro. É um jogo que recomendo aos meus amigos e leitores com filhos entre os 8 e os 17 anos.

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