Resumo: O pequeno livro do investimento (John Bogle)

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O livro num parágrafo

O Pequeno Livro do Investimento é uma ode ao investimento passivo. O autor descreve a compra e preservação a longo prazo de Fundos de Índice como a mais simples e eficiente forma de fazer crescer o portfolio. Bogle utiliza dados históricos sobre os mercados financeiros para sustentar as suas recomendações, criando uma obra que servirá de referência para pequenos investidores por largas décadas.

5 Ideias a reter

  1. Os retornos do mercado bolsista evoluem em função dos retornos dos investimentos das empresas – No longo prazo, os investidores recebem a taxa de dividendo acrescida do crescimento anual dos resultados das empresas
  2. Empresas aparecem e desaparecem. É impossível garantir que vamos escolher empresas vencedoras, pelo que é preferível comprar o índice todo em vez de empresas individuais
  3. Escolher Fundos de Investimento com base no seu retorno histórico é má ideia, pois aqueles com melhor desempenho no passado tendem a ter desempenho abaixo da média nos anos seguintes
  4. Os investidores tendem a investir maiores quantidades de dinheiro quando a bolsa está em alta e retirá-lo em baixa – Market timing reduz a rentabilidade dos investimentos
  5. A Comissão de Gestão de um fundo tem um impacto muito grande na sua rentabilidade a longo prazo, pelo que é fundamental escolher fundos com baixa comissão de gestão

Resumo

John Bogle foi o fundador do Vanguard Group e criador do primeiro Fundo de Índice da história (o antecessor dos ETFs). Neste livro, Bogle explica porque apostar a longo prazo num Fundo de Índice altamente diversificado e de baixo custo representa a única forma de garantir um retorno do investimento em linha com o mercado.

Numa altura em que toda a gente se afirmava capaz de bater o mercado e cobrava elevadas comissões pelos seus serviços, Bogle pensou: “Porque não replicar simplesmente os índices e dispensar o trabalho de gerir os investimentos?” Este rasgo de génio criou aquela que ainda hoje é uma das mais simples e seguras formas de investir.

Deixo em seguida algumas das ideias abordadas pelo autor neste livro.

Os custos são inimigos do investimento

O retorno dos investidores como um todo tem forçosamente de ser igual ao retorno do mercado, deduzido da totalidade dos custos associados ao investimento.

Entre 1980 e 2005, o índice S&P 500 teve um retorno médio de 12.5%/ano, por comparação com 12.3% dos Fundos de Índice e 10% dos Fundos de Investimento geridos de forma ativa. Bogle concluiu que a diferença entre Fundos de Índice (12.3%) e Fundos de Investimento (10%) se deveu aos custos de cada um:

  1. Comissão de Gestão: Custos deduzidos ao valor da unidade de participação de um fundo. Tendem a ser 0.5% a 1% em Fundos de Investimento e 0.2% em Fundos de Índice (taxas anuais)
  2. Custos de Transação: Custos relacionados com a compra e venda de ações por parte dos fundos de investimento (0.6%/ano). Praticamente inexistentes em Fundos de Índice
  3. Impostos sobre mais-valias: Impostos em que os fundos incorrem quando vendem um título com mais-valias. Cerca de 1.8%/ano para Fundos de Investimento por comparação com 0.6% para Fundos de Índice

O autor utilizou esta análise para alertar para a grande importância de minimizar todos os custos relacionados com a estratégia de investimento.

Reversão para a média

Em dois períodos de dez anos cada, Bogle seleccionou os 20 fundos mais rentáveis de cada ano e analisou o seu desempenho no ano seguinte. Os resultados da sua análise demonstram que no ano seguinte à performance de topo, os mesmos fundos caíram para o percentil 58 (batendo apenas 58% dos outros fundos no ano em questão). O desempenho excepcional de curto prazo raramente se repetiu no ano seguinte, pelo que Bogle conclui que seleccionar um fundo com excelente performance no passado não é garantia de rendimento acima do mercado em anos futuros.

Fundos de Investimento vs Fundos de Índice

Bogle comparou a performance dos 355 Fundos de Investimento disponíveis em 1970 com a performance do índice S&P 500 ao longo de 35 anos. Os resultados observados foram:

  • 63% dos fundos de investimento foram extintos ao longo do período em análise
  • 17% dos fundos de investimento tiveram performance abaixo do mercado
  • 13% dos fundos de investimento tiveram performance em linha com o mercado (+/- 1%)
  • 7% dos fundos de investimento bateram o mercado por mais de 1%/ano

O autor concluiu que comprar um Fundo de Índice teria maior rentabilidade do que pelo menos 93% dos Fundos de Investimento disponíveis em bolsa.

Boletins de Investimento (Newsletters)

Bogle citou um estudo de Mark Hulbert que comparou a performance de 35 boletins de investimento (newsletters) com a performance do índice S&P 500 entre 1980 e 2006. O estudo concluiu que:

  • Dos 35 boletins disponíveis em 1980, apenas 13 sobreviveram até 2006, e apenas 3 bateram o mercado
  • Dos 22 boletins entretanto extintos, apenas 2 estavam a bater o mercado à data de extinção
  • Um investimento de 100.000$ no índice S&P 500 em 1980 valeria cerca de 2.500.000$ em 2016, por comparação com um valor médio de 1.400.000$ se investido nas ações recomendadas pelos boletins de investimento

Uma vez mais, Bogle concluiu que comprar um Fundo de Índice e não fazer mais nada é o suficiente para ter melhor desempenho do que 80% dos restantes investidores.

ETFs

Bogle admite que ETFs podem servir para o mesmo efeito que Fundos de Índice, mas apenas quando se tratam de ETFs de Índice, mantidos em carteira para o longo-prazo, sem constantes operações de compra e venda dos mesmos.

O autor alerta para o facto da constante compra e venda de ETFs gerar custos de transação e poder ser ineficiente do ponto de vista fiscal, ao gerar sucessivas mais-valias. Bogle alerta ainda para o facto de ETFs dedicados a algum setor em particular (por exemplo Energia ou Serviços Financeiros) não possuirem o nível de diversificação dos ETFs de índices, bem como contarem habitualmente com comissões de gestão mais elevadas.

Apostas

Bogle aceita que comprar ações de empresas individuais é uma forma divertida de investir em bolsa. Assim, o autor recomenda a quem gosta de o fazer, que crie uma conta de investimento separada da sua conta principal e a financie com 5% do seu capital. Ao adoptar esta estratégia, o investidor fica com 95% do seu capital investido em Índices de Fundo e 5% do seu capital dedicado a “apostas” em bolsa.

Termino com uma citação do livro que define muito do que resumi acima:

“Não procure uma agulha num palheiro. Compre antes o palheiro”

John Bogle

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