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O livro num parágrafo
A Psicologia do Dinheiro aborda a mentalidade que devemos ter por forma a sermos bem sucedidos com finanças pessoais e investimentos no longo prazo. O autor explica, com exemplos concretos, como podemos evitar erros comuns com o dinheiro e beneficiar da magia dos juros compostos. Trata-se de um livro relativamente curto e de fácil leitura, organizado em 18 parágrafos que derivam de um artigo no blog do autor. Lançado em 2020, é leitura obrigatória para aprender ou reforçar a nossa mentalidade enquanto investidores.
5 Ideias a reter
- Aumentar regularmente o nosso objectivo financeiro e querer cada vez mais é tentador, mas muitos ex-milionários acabaram na miséria por não se saberem contentar com o que já tinham atingido
- A principal vantagem de Warren Buffett foi o tempo que esteve investido e não um conhecimento extraordinário sobre investimentos. Dos $84.5 biliões de dólares de fortuna que Buffett tem, $84.2 biliões (99.6%) foram gerados após o seu 50º aniversário
- Para fazer crescer o património é preciso continuar em jogo. Utilizar uma margem de segurança e prevenir sempre a perda total de património são fundamentais para o sucesso no longo prazo
- A taxa de poupança é o único factor financeiro sob nosso controlo, mas felizmente é também aquele com maior impacto na nossa riqueza
- O jogo do investimento é definido por um parametro fundamental: o horizonte temporal. Nunca devemos seguir os conselhos de quem tem diferentes objetivos e horizontes temporais, uma vez que a estratégia que funciona para os outros pode não ser adequada para nós
Resumo
Apresento de seguida um mini resumo de cada um dos 18 capítulos do livro de Morgan Housel:
1 – Ninguém é louco
As nossas experiências pessoais com dinheiro representam apenas 0.00000001% do que aconteceu no mundo, mas 80% da forma como vemos o mundo. As pessoas agem de acordo com as suas experiências pessoais e não devemos julgá-las por isso.
Quem viveu a Grande Depressão de 1929 ou As Décadas Perdidas de 1991 a 2001 (Japão) criou uma aversão a ações para toda a sua vida. Da mesma forma, as gerações mais jovens que viveram com baixa inflação toda a sua vida têm mentalidade totalmente diferente de gerações nascidas antes da década de 80 ou de jovens da mesma geração nascidos noutros países.
2 – Sorte e Risco
Sorte e risco têm um papel enorme no nosso sucesso financeiro. Bill Gates é altamente talentoso e trabalhador, mas teve a sorte de estudar numa das muito poucas escolas em todo o mundo que dispunham de um computador. Em contraponto, o seu colega prodígio Kent Evans, que acompanhou Gates nos seus primeiros trabalhos de código informático, podia ter tido o mesmo futuro de Bill Gates, mas perdeu a vida num trágico acidente de montanhismo na sua adoslecência.
3 – Nunca é suficiente
Housel explica que temos tendência a alterar o nosso objetivo financeiro à medida que vamos enriquecendo. Quando atingimos um objetivo, começamos logo a pensar no seguinte e o ciclo nunca termina. O autor evoca exemplos de milionários que criam tornar-se bilionários, e que acabaram sem nada por terem arriscado o que tinham e precisavam com o objetivo de obter aquilo que não tinham e não precisavam.
Aprender a dizer “é suficiente” irá permitir-nos evitar arrependimentos futuros.
4 – Efeito de capitalização do dinheiro
O efeito dos juros compostos é o principal aliado da independência financeira, mas o seu funcionamento é de dificil entendimento para a mente humana. O autor dá como exemplo o bilionário Warren Buffet, que investe desde a sua juventude, mas cujos $84.5 biliões de fortuna foram obtidos quase exclusivamente após o seu 50º aniversário. Mais importante do que maximizar a taxa de retorno é obter uma boa taxa de retorno pelo maior período de tempo possível.
5 – Ficar rico vs Permanencer rico
O autor acredita que a chave para investir com sucesso é sobreviver. As pessoas mais bem sucedidas com finanças pessoais são aquelas que investem há mais tempo, pois a principal forma de fazer crescer a riqueza é dar tempo ao património para ele se ir capitalizando.
Enriquecer requere risco e optimismo. Permanecer rico requere ser humilde e inquebrável, algo que passa por assumir que as nossas expectativas podem não se vir a concretizar, surgindo assim a necessidade de incorporar uma margem de segurança nos nossos planos (frugalidade, flexibilidade e mais longo horizonte temporal).
6 – A importância do altamente improvável
Morgan Housel reconhece a atração e atenção dedicada aos mais ricos, bem sucedidos e famosos, mas explica que essa fama e riqueza se devem a eventos cuja probablidade é de 1 em 1 milhão. A mensagem do autor é que não devemos subestimar o quão raros esses eventos são. Em vez disso, Housel descreve um génio de investimentos como alguém que consegue estar consistentemente na média, quando todos os outros à sua volta cometem loucuras.
7 – Liberdade
O autor indica que as pessoas querem enriquecer por forma a serem mais felizes, mas teoriza que a verdadeira felicidade advém de liberdade de controlar a nossa própria vida. Fazer o que queremos, quando queremos, com quem queremos, pelo tempo que quisermos, não tem preço. Esse é o maior dividendo que o dinheiro pode dar e vale mais do que gerar 2% de rendimento adicional à conta de trabalhar mais horas ou de tomar riscos que nos impedem de dormir descansados.
8 – O Paradoxo do carro de luxo
Morgan Housel diz que o condutor de um carro de luxo não recolhe a admiração de ninguém, porque o que as pessoas pensam quando vêm um carro de luxo é o quão seriam admirados pelos outros caso fossem eles a conduzir o mesmo carro. Isto é um paradoxo, uma vez que outras pessoas teriam o mesmo pensamento caso fossêmos nós a conduzir o tal carro de luxo.
Este paradoxo aplica-se à riqueza, porque ninguém nos admira pelo nosso dinheiro, as pessoas simplesmente imaginam o que fariam à sua vida caso tivessem esse dinheiro para si.
9 – Riqueza é aquilo que não está à vista
Gastar dinheiro por forma a mostrar às outras pessoas o quão abastados somos, é a forma mais rápida de deixar de ter dinheiro. A riqueza não consiste nos bens que mostramos, mas sim no dinheiro que não gastámos hoje e que, ao crescer, aumenta as nossas opções e nos dá flexibilidade no futuro.
10 – Poupe dinheiro
Morgan Housel indica que o retorno do nosso investimento é menos importante do que a nossa taxa de poupança (nota: Eu analisei exatamente esta questão aqui). A taxa de poupança é a diferença entre o nosso salário e o nosso ego.
Poupar dinheiro, mesmo que numa conta à ordem com 0% de juros, irá dar-nos muita flexibilidade para no futuro trocar de emprego, comprar ações quando o mercado tem uma quebra ou evitar vendê-las nesse mesmo momento.
11 – Razoável > Racional
O melhor plano de investimento é o plano que o investidores conseguem seguir, sem se desviarem do seu caminho. Tentar ser absolutamente racional 100% do tempo e tomar a decisão óptima de acordo com uma folha de Excel pode levar os investidores a simplesmente desistirem do plano, perdendo o potencial de valorização trazido pelo longo prazo.
12 – Surpresa!
Housel desaconselha os investidores a fiarem-se a 100% em dados históricos por forma a estimar futuros retornos financeiros. A História representa o estudo da mudança constante e coisas que nunca aconteceram antes acontecem a todo o momento.
13 – Margem de segurança
Este capítulo é sumarizado como “a parte mais importante de qualquer plano é planear o que fazer caso as coisas não corram como planeado”. Housel partilha a sua abordagem: o escritor assume que os retornos de investimento futuros serão 1/3 mais baixos do que os retornos do passado, o que o força a poupar mais dinheiro do que ele pouparia sem este pressuposto. É essa a sua margem de segurança.
14 – Você vai mudar
Planeamento de longo-prazo é difícil de se fazer, uma vez que os objetivos e desejos pessoais estão em constante mudança. Olhando para trás, conseguimos visualizar o quanto mudámos no passado, mas ainda assim tendemos a subestimar o quanto vamos mudar no futuro. O autor recomenda evitar planeamento financeiro ao extremo e aceitar que provavelmente vamos mudar de ideias no futuro.
15 – Nada é gratuito
Como tudo na vida, investir e beneficiar da capitalização do nosso dinheiro tem um preço. Contudo, o preço de investir não é medido em dólares ou euros, mas sim em volatilidade, medo, dúvida, incerteza e arrependimento. Para investir com sucesso, é preciso estar disposto a pagar este custo e aceitar que o mesmo vale a pena e representa meramente o preço do bilhete deste jogo do investimento.
16 – Tu e Eu
O horizonte temporal é o parâmetro mais importante de uma estratégia de investimento. Vale a pena discutir com amigos com conhecimento financeiro e ler livros de experts para desenvolver a nossa literacia financeira, mas não devemos copiar a estratégia de quem tem um horizonte temporal diferente do nosso. Comprar uma ação de alto risco pode fazer sentido para quem a pretende vender passado uma hora, mas não para quem pretende manter os seus títulos em carteira por longos anos.
17 – A sedução do pessimismo
O progresso acontece lentamente ao longo dos anos, ao passo que as crises surgem demasiado rápido para serem ignoradas. Por este motivo, os pessimistas soam inteligentes, mas os optimistas são aqueles que obtêm melhores retornos financeiros, uma vez que o mundo tende a melhorar para a maior parte das pessoas durante a maior parte do tempo.
18 – Quando acreditas em tudo
O psicólogo Philip Tetlock escreveu que, enquanto seres humanos, temos necessidade de acreditar que vivemos num mundo previsível e controlável. Esta necessidade faz com que, quanto mais queiramos que algo seja verdade, mais acreditemos em estórias que confirmam o nosso desejo. A verdade é que o mundo é confuso e sujeito a aleatoriedade e temos de aceitar essa realidade.
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