Resumo: O Cisne Negro (Nassim Nicholas Taleb)

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O livro num parágrafo

O Cisne Negro pretende alertar-nos para o enorme impacto que eventos inesperados podem ter na nossa vida, sejam eles positivos ou negativos. Taleb explica porque somos tão fracos a prever estes eventos e tenta prepara-nos para maximizarmos o potencial de sucessos repentinos e minimizarmos o risco de ruína súbita nas nossas vidas.

5 ideias a reter

  1. Extremistão versus Mediocristão
  2. O passado como mau indicador para prever o futuro
  3. O problema dos “especialistas”
  4. Aquilo que não sabemos é mais importante do que aquilo que sabemos
  5. A falácia lúdica
1. Mediocristão versus Extremistão

Taleb refere insistentemente dois tipos de mundos: Mediocristão e Extremistão.

No Mediocristão, um evento por si só não pode causar grande alteração na situação geral. Por exemplo, se 1.000 adultos estiverem num estádio e a eles se juntar a pessoa mais pesada do mundo, essa pessoa nunca poderá representar mais de 0.6% do peso total do grupo.

No Extremistão, um evento por si só pode alterar radicalmente a situação. Se a essas mesmas 1.000 pessoas no estádio se juntar Bill Gates, a riqueza média do grupo transfigura-se totalmente. De forma similar, se escolhermos aleatoriamente um conjunto de 1.000 escritores e somarmos o total de livros por eles vendidos na carreira, a soma total irá crescer ordens de magnitude caso adicionemos J.K. Rowling ao grupo.

Taleb conclui que jornalistas e analistas utilizam ferramentas construídas com base nos princípios do Mediocristão, e que as mesmas são totalmente desaquadas perante Cisnes Negros. Um exemplo disso seria a tentativa de estimar o número de pessoas mortas por um vírus como o coronavírus.

2. O passado como mau indicador para prever o futuro

O autor argumenta que o passado não permite antecipar Cisnes Negros futuros. Nassim Taleb dá o exemplo de um perú que vive livre numa quinta e que todos os dias recebe a sua ração do agricultor que gere a quinta. A cada dia que passa, o perú fica mais confiante que irá receber a sua ração no final do dia, pois é isso que sempre aconteceu. Contudo, na véspera do dia de Ação de Graças, o perú vai enfrentar um Cisne Negro: Em vez de receber a ração, o perú acabará por ser morto e vendido a um supermercado. Nada no comportamento passado do agricultor poderia ter ajudado o perú a prever o que lhe iria acontecer nesse dia.

3. O problema dos “especialistas”

Nassim Taleb refere que os governos gostam de projetar o défice da Segurança Social ou o preço do petróleo a 30 anos, quando na realidade são incapazes de acertar em ambos no espaço de poucos meses. O autor indica que uma série de especialistas falha constantemente as suas previsões e não parece ter um nível de conhecimento superior ao da população em geral. Entre as profissões que padecem deste problema, Taleb realça os psicólogos, economistas, peritos de risco, analistas políticos e militares, analistas financeiros e CEOs.

4. Aquilo que não sabemos é mais importante do que aquilo que sabemos

Cisnes Negros são, por definição, imprevisíveis, tornando o seu impacto no mundo maior do que o que podemos estimar.

Taleb dá alguns exemplos, entre os quais o ataque terrorista de 11 de Setembro de 2001. Se este ataque fosse conhecido ou possível de antecipar a 10 de Setembro, nunca teria acontecido e o mundo nunca teria mudado como consequência do ataque. Se o evento fosse esperado, aviões caça teriam fechado os céus e os cockpits dos aviões teriam portas à prova de bala. Os Cisnes Negros acontecem precisamente porque não é suposto acontecerem. Da mesma forma, se um grande terramoto ou tsunami fosse previsível, as áreas afectadas seriam previamente evacuadas e o impacto do tsunami ou terramoto medido por número de mortos nunca seria notícia.

5. A falácia lúdica

Taleb identifica a falácia lúdica como forma de refutar o uso de modelos matemáticos em várias áreas da vida. O autor indica que os modelos matemáticos se devem restringir a casos em que as probabilidades são totalmente visíveis e pré-definidas, como por exemplo idas ao casino. O autor refere um par de situações em que confiar nos modelos matemáticos não faz sentido:

  • Teoricamente, a probabilidade de uma moeda lançada ao ar cair sobre o lado cara é sempre 50%. Contudo, se a moeda já foi lançada 99 vezes e saiu sempre coroa, não faz sentido acreditar que a probabilidade do centésimo lançamento ser cara é de 50%, como sugerem os modelos matemáticos. Qualquer pessoa razoável deve assumir que a moeda está viciada e apostar coroa.
  • Ao escolher um seguro de saúde, não é possível somar as probabilidades de ocorrência de todas as doenças e comprar o seguro com base no valor necessário para cobrir essas probabilidades. O consumidor deve ter em consideração a possibilidade de ocorrência de um Cisne Negro e tentar minimizar o seu impacto em caso de ocorrência.

Conclusão

O Cisne Negro não é um livro estritamente relacionado com investimentos ou finanças pessoais, mas, porque os seus ensinamentos têm consequências que me parecem importantes para a nossa vida financeira, optei por trazer um resumo do mesmo para este blog.

Entre os pensamentos que considero importantes, destaco:

  • Devemos levar Taleb a sério quando nos sugere que não demos ouvidos a analistas financeiros. Não devemos gerir o nosso portfólio com base nas últimas previsões de crescimento de lucros, inflação ou PIB dos analistas.
  • Devemos considerar seriamente a possibilidade de ocorrência de um Cisne Negro no sistema financeiro. O que aconteceria ao nosso portfólio se Amazon, Microsoft ou Apple fossem alvo de uma enorme fraude financeira? E se os governos dos Estados Unidos, Alemanha e Japão fizessem default à sua dívida? O nosso portfólio está posicionado para não cair até 0 caso um destes eventos ocorra? Podemos beneficiar desses eventos?
  • É igualmente importante respeitar o que desconhecemos e aceitar que o passado pode não se verificar no futuro. O facto de as ações terem gerado rentabilidades de 8%/ano no passado não significa que continuem a gerar os mesmos retornos no futuro. Devemos aceitar esta possibilidade e preparar-nos para a mesma.
  • Na mesma linha, só porque o S&P500 nunca caiu mais de 85% (1929-32) na história, e nunca caiu mais de 51% (2007-09) nos últimos 90 anos, tal não significa que não possa cair 90% ou 95% no futuro

O Cisne Negro é uma leitura que estimula a nossa humildade e nos obriga a pensar e aceitar o quão pouco sabemos. É um livro pesado e que não é de fácil leitura, mas que ainda assim recomendo.

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